sexta-feira, 20 de julho de 2012

CEC- Centro de Estudos Cinematográficos: A memória do cineclubismo em Juiz de Fora

Os anos 50, no Brasil, são conhecidos como os “anos dourados” por representarem um período áureo para o país com a política desenvolvimentista de JK, o surgimento da televisão e a conquista da Copa do Mundo.

Em meio a essas transformações nascia uma nova forma de se pensar e de se fazer filmes: o Cinema Novo[1]. Questionando os padrões do método brasileiro e a Companhia Vera Cruz, o movimento propunha um cinema que retratasse a realidade do país com a finalidade de se refletir sobre sua conjuntura atual.

Paralelamente a expansão do Cinema Novo, grupos cineclubistas formados geralmente por estudantes surgiam em todo o país com o objetivo de estudar sobre a sétima arte e discutir sobre suas produções.

Na passagem dos anos 50 para os anos 60, Juiz de Fora viveu uma grande efervescência cultural caracterizada pelo surgimento da Universidade Federal de Juiz de Fora e pela militância de grupos estudantis reunidos no DCE- Diretório Central dos Estudantes[2].

Em 20 de outubro de 1957, um grupo de jovens se juntava para aprender sobre o fenômeno cinematográfico nascia assim, o CEC- Centro de Estudos Cinematográficos de Juiz de Fora[3]. Encabeçados por Luiz Affonso Queiroz Pedreira, o primeiro presidente da instituição, eles buscavam formar uma entidade com finalidades culturais, relacionadas ao estudo do cinema como arte.

Para os membros do cineclube e seus assíduos freqüentadores, as experiências vivenciadas nas sessões ultrapassavam o mero “assistir”, pois após a exibição os filmes eram debatidos pelo público. Para geração dessa época, o cinema representou uma forma de sociabilidade, em que pessoas com afinidades e interesses em comum se reuniam para trocarem idéias.

Junto a grupos como a Galeria de Arte Celina e o Diretório Central dos Estudantes, o CEC articulou importantes eventos referentes à sétima arte e influenciou toda uma geração de cinéfilos e até mesmo críticos e diretores, que contribuíram para a afirmação da tradição cinematográfica de Juiz de Fora.

Dentre esses eventos, destaca-se o Curso de Cinema[4] realizado em 1967, que se tornou referência nacional por ser o maior curso oferecido por um cineclube no país.

O curso  planejado com o apoio da Reitoria da Universidade Federal de Juiz de Fora e do CEC-BH, fazia uma retrospectiva sobre a história do cinema desde o cinema mudo até os importantes movimentos existentes na Europa como o Neorealismo Italiano e o Expressionismo Alemão.
     
Durante o evento foram exibidos mais de 150 filmes e cerca de 1.400 slides. Em média, 40 alunos participaram das atividades. Além desses, estiveram presentes importantes cineastas e críticos de cinema: Murílio Hingel, Nélson Pereira dos Santos, Maurício Gomes Leite, etc.
       
Nossa pesquisa se debruça sobre esse grupo que de 1957 até 1977 exerceu grande influência em Juiz de Fora, servindo de exemplo para as gerações posteriores e continuando a repercutir na história da cidade mesmo após seu término, através de iniciativas culturais motivadas por seus ex-membros.
      
Haydêe Sant’Ana Arantes

[1] Xavier, Ismair. Cinema Brasileiro Moderno. São Paulo: Ed Paz e Terra, 2011

[2] MUSSE, Christina Ferraz. Imprensa, cultura e imaginário urbano: exercício de memória sobre os anos 60/70 em Juiz de Fora.  Juiz de  Fora: Funalfa, 2008.

[3] ARANTES, Haydêe Sant’Ana ; PETERS, Brênio Ribeiro; MUSSE, Christina Ferraz. CEC- Centro de Estudos Cinematográficos de Juiz de Fora: Um estudo de caso do cineclubismo brasileiro nas décadas de 1960 e 1970. Trabalho apresentado no XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação –Intercom.

[4] Documentos: Boletins, Correspondências enviadas e expedidas, Artigos, Recortes de Jornais do CEC- JF. Período analisado de 1960- 1979.

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