A década de 60 é considerada por alguns
historiadores como os “anos rebeldes” devido aos vários movimentos de
contracultura que ocorreram naquela época. O mundo estava alavancado pelas
inovações tecnológicas que progrediam e entusiasmavam o homem. Certamente, a
política era o combustível que mais fermentava este progresso fascinante.
O PCB (Partido Comunista Brasileiro) contribuiu
significativamente para o debate cultural tão valorizado daquele período,
principalmente pela forte militância dos jovens que, ligados também à
Universidade Federal de Juiz de Fora, discutiam assuntos relacionados à
política nacional, à vida na cidade, à família, empreendendo discussões
teóricas significativas daquele período, movimentando forças contestatórias e
críticas. É em meio a esta florescente vida cultural, universitária e política
que é concebido e realizado o I Festival de Cinema Brasileiro de Juiz de Fora,
entre os dias 28 e 31 de maio de 1966. O evento contou com a ampla cobertura do
jornal impresso “Diário Mercantil” que levou à população da época todas as
principais informações sobre o dia-a-dia do Festival.
Mais do que uma cobertura factual
daquele momento, nas páginas amareladas e já muito maltratadas pelo tempo do
jornal DM estão delineados os reflexos de uma cidade que respirava cultura e
que produziu o primeiro Festival de Cinema do Brasil. Graças ao jornalismo
produzido naquela época podemos vislumbrar, pela fechadura da memória, o
cenário histórico e social de uma cidade que hoje permanece viva apenas na
lembrança daqueles que usufruíram as dores e as delícias dos anos 60.
Ferramenta da memória, que permite ao
presente a observação de fatos pretéritos, o “Diário Mercantil” converte-se
também em objeto da análise científica, funcionando como um instrumento de
apoio ao pesquisador, fornecendo-lhe os dados de que este necessita para empreender
um estudo objetivo e reflexivo sobre o passado, suas peculiaridades, o modo de
ser de uma cidade e a maneira pela qual era contada e transmitida sua história.
Karina
Menezes Vasconcellos
MUSSE,
Christina Ferraz. Impressa, cultura e
imaginário urbano: exercício de memória sobre os anos 60/70 em Juiz de Fora. Juiz de Fora: Funalfa, 2008.
NASCIMENTO,
Durbens Martins. Guerrilha no Brasil:
uma crítica à tese do “Suicídio Revolucionário” em voga nos anos 80 e 90. 2004.
Disponível em: <http://www.historia.uff.br/cantareira/novacantareira/artigos/edicao5/guerrilha.pdf>.
Acesso em: 18/07/2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário